terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Restauração da Igreja Matriz

AS OBRAS DA IGREJA MATRIZ DE CANGUSSÚ.

OBS: Na época o nome do município era escrito com  SSÚ, tendo sido alterada para “ Canguçu” somente na década de 1960. O título da matéria foi escrito conforme o original, nas demais vezes em que a palavra aparece usei a grafia atual.


             Entre as várias obras de arte em andamento no sul- do país, de autoria e realização do artista conterrâneo Adail Bento Costa, inclui-se a centenária Igreja Matriz de Canguçu.

TEMPLO CENTENÁRIO E COMBALIDO

            Esta igreja, contando atualmente 150 anos, atingira um péssimo estado, quanto a sua resistência, embora toda construída em pedra. Lançada em boas proporções arquitetônicas, sobretudo para a época em que foi construída já se tornara pequena para a cidade atual.

TORNOU-SE NECESSÁRIO AUMENTA-LA

            Formaram-se duas correntes, uma era a favor da conservação da antiga igreja, coisa alias justíssima, em se tratando de patrimônio histórico e quiçá artístico, pois a igreja encontrava-se por último, completamente deturpada. A outra, era de opinião que se deveria demolir o templo, fazendo-se uma outra igreja completamente nova  e em bem maiores proporções.

CONVIDADO O ARTISTA

            Indo a passeio a Canguçu, Adail Bento Costa foi convidado a dar sua opinião sobre o assunto. Achamos que a comissão-de-obras agiu com grande felicidade em convidar o artista, porque sendo ele um dos maiores conservadores de arte antiga do Brasil, conseguiu num relance conciliar os dois pontos-de-vista, ou seja, conservando a linha arquitetônica primitiva e aumentando a resistência e o tamanho necessário aos fiéis.

CONCILIADOS OS PONTOS DE VISTA

            Estes dois pontos-de-vista foram unidos da seguinte maneira: conservando a fachada com as duas torres, restaura-las, suprimindo tudo o que tenha sido adicionado posteriormente à construção (deturpações), demolir o resto da igreja e construir outra mais longa, composta de 3 naves, separadas por arcos laterais, capela-mor, capela Nossa Senhora das Graças, uma sacristia e uma biblioteca que por sua vez liga-se a casa paroquial.

PERSPECTIVA DA OBRA EM CONJUNTO

            A igreja está situada defronte a praça central. No decorrer da fachada, à esquerda, será construído um muro e portões coloniais, dando acesso a um jardim e casa paroquial que é ligada a matriz, fazendo parte integral do bloco da construção. Do lado direito há uma rua em declive que, chegando à parte posterior dá-nos mais 4 metros  e vinte de altura ao templo. Tal diferença facilitou a construção de um grande salão paroquial sob a sacristia e que abrange toda a largura da igreja.
            Sendo assim, de vários pontos da cidade, essa obra nos dará perspectivas surpreendentes de grande beleza quer no que diz respeito à obra de estilo, como enquadrada em conjunto no difícil e pitoresco plano urbanístico.


DECORAÇÃO DO TEMPLO

            Será feita no gosto da época em que foi construída, queremos dizer: primando pela singeleza. Assim as paredes serão caiadas de branco. Os tetos em óleo branco-fosco. Os altares nichos, em óleo branco- fosco e molduras, florões e demais ornatos, serão recortados em azul-português brilhante. As portas internas e externamente, no mesmo azul. As imagens serão as mesmas antigas, em cedro esculpido, laminadas em ouro e pintadas em estilo barroco, restauradas por Adail bento Costa, os lustres e demais pendentes de iluminação, obedecerão estritamente as exigências do estilo, bem assim as credências, os bancos a mesa da comunhão, confessionários e demais mobiliários  ao culto.
            Serão conservados também a pia batismal (trabalho originalíssimo, rústico em granito)e mais duas para água benta, à entrada da porta principal. É preciso acentuar que todo o mobiliário será desenhado e dirigido por Adail Bento Costa.

EXEMPLO DE GENEROSIDADE DIGNO DE IMITADORES

            Adail Bento Costa nasceu na cidade de Pelotas. Sua Exma. progenitora era filha de Canguçu, pertencendo à tradicional família Bento, uma das maiores lá existentes. Eis um dos motivos pelos quais ao aceitar a responsabilidade da obra, o artista ofertou gratuitamente o seu trabalho.
            Saudando o povo canguçuense  no primeiro centenário de sua cidade, almejamos que esse exemplo de desprendimento encontre eco entre os verdadeiros amigos dessa terra de tradições heróicas e de rasgos generosos, empenhados seriamente em dotar em breve a sede municipal de uma obra arquitetônica digna de seus reconhecidos foros de cultura.



Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição
Ano: 1949

Arquivo fotográfico do Museu Municipal Capitão Henrique José Barbosa

 Estamos publicando nesta página uma reportagem sobre a restauração da Matriz de Canguçu (trabalho do nosso prestimoso colaborador Dr. Francisco Dias da Costa Vidal) em que são focalizados pormenores da obra.
           
Nada mais justo e oportuno do que entrevistar o Dr. Tasso Selistre, presidente da comissão de obras, a fim de que nos relatasse o trabalho da mesma comissão na importante campanha em prol da restauração do tradicional templo.

IMPORTANTES DECLARAÇÕES DO DR. TASSO SELISTRE

            Abaixo transcrevemos nossas perguntas e as respostas do Dr. Tasso Selistre, presidente da comissão de obras pró-restauração da matriz de Canguçu:

-Como está constituída a Comissão de Obras?

-A atual Comissão de Obras data de 7 de dezembro de 1953, quando nomeada por S. Excia. Rvma Dom Antônio Zattera , D.D. Bispo Diocesano, o qual houve por bem distinguir-nos com a presidência,  sendo constituída de mais os seguintes membros efetivos : Hugo Nobre do Nascimento, vice-presidente; Cândido Silveira Van-Gysel, primeiro tesoureiro; Thomaz Fonseca, segundo tesoureiro; Raul Soares da Silveira, secretário.
É óbvio que a Comissão sempre foi assessorada pelos Ver. Padres da paroquia Júlio Marins e Zomar Garcia, vigário e coadjutor respectivamente, e Hilário de Melo Munhoz e Severino Frizzo, que o sucederam.

-Como foi iniciada a campanha para angariação de fundos para a vultosa obra?

          -As condições precárias do velho e tradicional templo a muito prendiam a atenção dos católicos de Canguçu e preocupavam os seus frequentadores. Daí uma série de iniciativas levadas a efeito no decorrer dos anos, seja para soluções de emergência, seja para uma obra de caráter definitivo e que já se vislumbrava. Neste sentido destaca-se a campanha desenvolvida por um grupo de senhoras da sociedade local, encabeçada pela distinta dama D. Cacilda Moreira Bento, pertencente a uma das mais antigas famílias do município, cuja coleta somada a outros donativos, proporcionou a comissão uma apreciável base para o começo de suas atividades, um encaixe de cerca de Cr$ 100.000,00, isto nos primeiros meses de 1954.
   Posteriormente novas instituições foram criadas, por exemplo: a dos legionários, os que contribuíam com um mínimo de Cr$ 2.000,00 ainda que parceladamente e que terão os nomes gravados  no interior da Igreja; a dos provedores, a cargo das dedicadas zeladoras do apostolado da oração e auxiliares,  o  que mediante módicas contribuições mensais , ensejam  a indenização de pequenas e correntes despesas; a dos obreiros, isto é, os que contribuem com mão de obra ou material de construção. Acresçam-se  a isso prestimosas  doações de fiéis  e amigos de Canguçu.
           
         - Em quanto está orçada a restauração final?

         - O projeto adotado é de autoria do preclaro professor Adail bento Costa , acompanha-se de um orçamento  a título informativo que supera Cr$ 3.000,00. Todavia cumpre salientar  que esse custo baixará muito dadas a orientação seguida  e a reiterada gratuidade  verificada: Planta, responsabilidade  do arquiteto, serviços materiais ,transporte, etc.

         - Para quando está previsto o término da obra?

        -Não há tal previsão, precisamente porque a reconstrução da Matriz está e continuará subordinada as condições do momento, às possibilidades que se abrirem em consonância com a maior ou menor cooperação encontrada. Pode-se dizer que os canguçuenses tem em suas mãos o controle da celeridade das obras.

         -Como foi recebida pela população de Canguçu a ideia da restauração da Matriz?

        -Não se trata de uma ideia recente e sim amadurecida. A diferença está em que, agora se a pôs em prática, se  concretizou. Alias uma decorrência imperante da necessidade. A edificação antiga se ressentia da ação prolongada e destruidora do tempo, tanto que três técnicos condenaram-na, chegando a admitir o perigo de que ruísse.

       - Tem sido bem recebida pelos canguçuense a campanha desenvolvida pela comissão de obras?

    - Tudo faz crer numa afirmativa, mesmo diante da generosidade dos auxílios prestados e do interesse, quiçá, entusiasmo, manifestado pelos canguçuenses  no reerguimento da Matriz. Isso até permitiu a aquisição de um valioso prédio, situado na Praça Marechal Floriano, em pleno centro da cidade, a construir um fundo patrimonial da paroquia e resolvendo a difícil situação criada com a demolição do primitivo templo: instalação transitória da Igreja, da casa paroquial e das obras assistenciais.

         Ao finalizar, o Dr. Tasso Selistre nos prestou mais as seguintes declarações  sobre a restauração da centenária Matriz:

      A Igreja parcialmente demolida há mais de século e meio acolhia o povo de Canguçu, nela se lhe dispensando conforto moral e espiritual. Na sua reconstrução, muito ampliada em virtude das necessidades da paroquia, conservar-se-á  o estilo e se manterá  a fachada em respeito a tradição.
     A proposito salienta-se que professor Adail Bento Costa, renomado artista patrício, apanhou e compreendeu com muita exatidão os sentimentos dos paroquianos de N. S. da Imaculada Conceição ao elaborar o seu projeto.
     A interferência do professor, planificando e orientando a obra é algo de decisivo  e inestimável para o empreendimento, reflexo de um desprendido e magnífico coração, não menos valioso sendo os préstimos do seu colaborador, o engenheiro Fernando Bezerra Bertoli. A nova Matriz será obra de mérito marcante para Canguçu e seus filhos. Quem constrói a casa de Deus na terra, constrói o próprio lar no céu.


FONTE: Jornal Diário Popular de 14 de novembro de 1957   
            
Arquivo Nº 2 - Museu Municipal Capitão Henrique José Barbosa 



 Igreja Matriz  Nossa Senhora da Conceição
100ª  Novena realizada neste ano de 2013

Parabéns!


Coroação de Nossa Senhora

Arquivo Fotográfico do Museu Municipal Capitão Henrique José Barbosa



(OBS- O estandarte de Santa Terezinha que aparece a direita na foto encontra-se em exposição no Museu Municipal Capitão Henrique José Barbosa)

sábado, 24 de agosto de 2013

Museu Municipal Capitão Henrique José Barbosa - Peças do Acervo


ORATÓRIO

Em madeira com detalhes esculpidos e estampa floral ao fundo e nas portas.
Pertenceu a Ambrosina Tarouco Dias, esposa de Belchior Jacinto Dias.

Forma de Ingresso: Doação de Arnoldo Tarouco Dias  ( seu filho)




GRAMOFONE

Peça das primeiras décadas do século XX.
Pertenceu a Joaquim Paulo de Freitas

Forma de ingresso: Doação de Darci Soares de Freitas ( seu neto)




TINTEIRO E CANETA

Conjunto de tinteiro e caneta em prata, decorado com borboletas; recipiente para tinta 
em vidro na cor verde e caneta  bico de pena, em prata, decorada com motivos florais.
Pertenceu a avó do doador (família Hipólito) e, segundo a mesma, este conjunto teria sido usado para a assinatura da alforria das duas escravas menores no cerro da Liberdade, em cerimônia realizada em homenagem a volta dos canguçuenses da guerra do Paraguai.

Forma de ingresso: Doação de José Hipólito Lessa




QUEPE E FAIXA

Faixa de cintura, com banda de seda na cor vermelha e quepe em tecido de feltro na cor azul escuro com emblema " Coroa de louros" e o nº 18. Faziam parte do uniforme brasileiro usado durante a guerra do Paraguai ( 1864-1870)
Pertenceram ao Voluntário da Pátria Orestes Antônio de Souza

Forma de Ingresso: Doação de Estelito Carlos de Souza

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Canguçu no seu centenário – 1957

              No centenário do município, comemorado em 1957, segundo o “Álbum do 1° Centenário de Cangussú”, montado e impresso por André Tribuno Montagna, assim se apresentava o município de Canguçu.

OBS: Passo a escrever Canguçu conforme grafia da época “Cangussú”

                  Pelo recenseamento geral de 1950, a população de Cangussú, atingiu em 1º
  de julho o nº de 58.207 habitantes, sendo 29.418 homens e 28.789 mulheres.
                Dos 92 municípios do Estado do Rio Grande do Sul, somente 20 possuíam,  na data do censo, população maior que a sua. Quanto a cor, declararam-se de cor branca: 49.170, ou seja 84% da população. Em seguida vinha o grupo dos pretos e dos pardos, com 5.957 e 2.900 pessoas, respectivamente. Deixaram de declarar a cor 180 pessoas.  Em 1950, os estrangeiros totalizavam 131 e os brasileiros naturalizados, 45.
           Dentre os 58.207 habitantes recenseados, 37.113 declararam-se católicos, 11.536 protestantes, 3.477 espíritas e 97de outras religiões; 3.489 disseram não ter religião e 2.495 não declararam o que professavam.
                Existiam no município em 1º de julho de 1950, 3 aglomerações urbanas, a cidade  e duas vilas: Cangussú, Cerrito e Vila Freire.
            De seus 58.207 habitantes  recenseados, 3.188 localizavam-se no quadro urbano, 930 no suburbano e 54.089 no quadro rural. Como se vê o município é essencialmente rural, com 93% de sua população localizada nessa zona.
           Em todo o Estado do Rio Grande do Sul 66% da população localiza-se no quadro rural. As principais atividades econômicas são a agricultura, a pecuária e a silvicultura. A agropecuária é intensamente praticada em Cangussú e constitui sua grande fonte econômica. A indústria e o comércio são pouco desenvolvidos. Assim a lavoura e a pecuária ocupam lugar de destaque no quadro estadual.
               Em 1954, o município figurou como o 8º do Estado em relação a valor de produção agrícola, que no ano seguinte atingiu 341 milhões de cruzeiros. Segundo elementos do Serviço de Estatística da Produção, em 1955 as principais culturas agrícolas sofram as seguintes: trigo, batata inglesa, milho, fumo em folha, feijão, arroz, cebola, soja e alfafa. Em menor escala aparecem: batata doce, uva, pêssego, laranja, tangerina, cevada, amendoim, cana-de-açúcar, limão, aveia, figo, alho e centeio. O trigo, a batata inglesa e o milho concorrem com 80% para o total da produção agrícola de Cangussú. O trigo e o milho são beneficiados no município, onde existem 41 moinhos pra beneficiamento dos dois cereais.
        Cangussú é o maior produtor de batata inglesa do Estado. A produção em 1955, de 36.000 toneladas, representou 14% do total da produção do Estado, 265.087 toneladas.  É também importante a cultura do fumo, cuja produção em 1955, atingiu 1.500 toneladas, no valor de 23 milhões de cruzeiros e constitui matéria-prima da indústria de fumo do município. O principal centro comprador dos produtos agrícolas é Pelotas, seguido de Rio Grande, Bagé e São Lourenço do Sul.
          A pecuária é também bastante desenvolvida, principalmente a criação dos gados vacum, ovino e suíno. Pelotas e Rio Grande são os principais compradores de gado.
         Em 1955, contavam-se no município cerca de 110.300 cabeças de bovinos, 93.000 de ovinos 64.500 de suínos, 31.800 de equinos, 6.600 de caprinos e 700 muares. Valia o gado bovino 221 milhões de cruzeiros, o ovino 25 milhões, o equino 48 milhões e o suíno 39 milhões.  No município tem-se tentado a seleção e a melhoria geral dos gados, encontrando-se a pecuária muito desenvolvida nos subdistritos de Coxilha do Fogo e Armada.
            Segundo dados do Censo Agrícola de 1950, 20% da área total dos estabelecimentos agropecuários do município destinavam-se a lavoura e 57% as pastagens.
       Dos 3.580 estabelecimentos que exploravam, em 1950, a agricultura, 3.204 a praticavam em pequena escala, abrangendo em conjunto, 63% da área total de 3.580  estabelecimentos (97.453 hectares).Exploravam a agricultura simultaneamente com a pecuária, mais 1.617 estabelecimentos, dos quais 1.526 com exploração em pequena escala. Compreendiam estes últimos uma área de 74.350 hectares, ou seja, 64% da área total dos estabelecimentos com modalidade mista de exploração.
           Dos 374 estabelecimentos que exploravam em 1950 a pecuária, 338 a praticavam em grande escala, abrangendo uma área de 113.270 hectares, (97%) da área total dos 374 estabelecimentos. Além desses como já se assinalou, havia ainda  1.617 estabelecimentos com modalidade mista de exploração.

INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO



        Segundo apuração do registro industrial para 1955, existem no município apenas 2 estabelecimentos industriais ocupando mais de 5 pessoas, indústria  de fumo e de madeira. Esses dois estabelecimentos empregavam 39 pessoas, dos quais 33 operários. Além desses há mais 110 estabelecimentos de pequenas indústrias:  41 moinhos de trigo e milho, 37 olarias, 4 fábricas de torrefação e moagem de café, 3 padarias, 3 alambiques, 3 tamancarias, 2 curtumes, 1 fábrica de fumo, 12 serrarias, 2 fábricas de manteiga e 2 engenhos de arroz. Em 1950, conforme registra o censo industrial, foi da ordem de 17 milhões  de cruzeiros o valor da produção da totalidade dos estabelecimentos industriais que ocupavam, em conjunto, uma média mensal de 241 operários

MEIOS DE TRANSPORTE

Cangussú é servido pela Viação Férrea do Rio grande do Sul. O município é ainda cortado, numa extensão de 14 Km, pela estrada de ferro Rio Grande- Bagé, que passa pela Vila Cerrito, onde há uma estação. Canguçu liga-se aos municípios vizinhos pelos seguintes meios de transporte:
Arroio Grande: rodoviário- 150Km.
Camaquã: rodoviário – 130 Km.
Encruzilhada do Sul: rodoviário – 130 Km.
Pelotas: rodoviário- 75 Km, ferroviário – 72 Km.
Piratini: rodoviário -66 Km.
São Lourenço do Sul: rodoviário – 70 Km.

COMÉRCIO LOCAL

Em 1º de janeiro de 1950, segundo elementos do censo comercial, existiam no município 355 estabelecimentos comerciais, nos quais trabalhavam 447 pessoas. Desses estabelecimentos, 7 dedicavam-se ao comércio atacadista e 348 ao varejista. Dos 92 municípios do RS, 6 tem valor de vendas superior ao seu. O comércio atacadista é modesto.

INSTRUÇÃO PÚBLICA

Os resultados do recenseamento de 1950 revelavam a situação de Cangussú quanto ao nível de instrução geral (pessoas de 10 anos e mais).
             Sabem ler e escrever: 19.653 – 48,07%;
             Não sabem ler e escrever: 21.093 – 51,59%;
             Sem declaração: 138 – 0,34%.
         Como se vê, 48% das pessoas presentes de 10 anos e mais eram alfabetizadas. A porcentagem correspondente para o estado do RS era de 66%.

ENSINO

Em 1950 existiam no município 101 unidades escolares de ensino primário fundamental comum, nas quais, no início do mesmo ano, estavam matriculadas 4.085 crianças.
Em 1956, o número de unidades de ensino primário fundamental comum elevou-se para 128. Conta ainda o município com um curso ginasial.
           Município eminentemente agrícola, Cangussú conta com um Posto Agropecuário, mantido pelo governo federal para incrementar a agricultura e a pecuária, um escritório da ASCAR (Associação Sulina de Credito e Assistência Rural). Já se encontra em faze de realização, por iniciativa do governo federal, a construção de um estabelecimento de armazenagem, limpeza e secagem de trigo.
          As matas, em parte ainda virgens, são a riqueza natural mais importante do município.
             No setor médico hospitalar, há o Hospital de Caridade Cel. Júlio Limeira com clínica geral e cirurgia, dotado de boas instalações; o Posto de Higiene e 5 médicos no exercício da profissão.
            Prestando assistência aos desvalidos encontram-se a Comissão Municipal da Legião Brasileira de Assistência  e o Clube da Mães.
           Conta o município com uma Agência Municipal de Estatística, órgão integrante do sistema estatístico brasileiro.
            Na área urbana, Cangussú conta com duas agencias  bancárias, 75 automóveis e 35 caminhões registrados na prefeitura, 380 ligações elétricas, 8 aparelhos telefônicos, 4 hotéis, 2 pensões e 1 cinema.
             Aspectos culturais: possui 128 unidades escolares de ensino primário fundamental comum, 1 estabelecimento de ensino secundário, 1 tipografia, 1 biblioteca, e o jornal “A Voz de Cangussú”, dirigido por André Tribuno Montagna.

Fonte: Álbum do 1º Centenário de Cangussú. ( Transcrição)
Arquivo Histórico do Museu Municipal Capitão Henrique José Barbosa.


Parabéns Canguçu pelos 156 anos de sua bonita e significativa história


  

Andiara Pureza Valente

1ª Senhorita Município

Escolhida no ano de  1970

Desfile Cívico de 07 de setembro 


            FOTO: Arquivo Fotográfico do Museu Municipal Capitão Henrique José Barbosa 

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Conhecendo o Museu Municipal Capitão Henrique José Barbosa

Museus são instituições testemunhas da passagem do tempo.

Vistos como guardiões da memória de uma localidade,  guardam em seus objetos os fragmentos do passado e as marcas específicas da memória das pessoas as quais pertenceram. 


Salão Nobre do Município


Local onde se encontra a galeria de fotos dos  Ex-Prefeitos  de Canguçu.


Salão Principal do Museu


Nesta sala estão em exposição louças, brinquedos, objetos de uso masculino e feminino, objetos religiosos e pinacoteca.

Sala das Armas

Encontram-se em exposição nesta sala armas de várias época; m
osquetões, pistolas, lanças e pontas de lança, baionetas, garruchas e outras, além de objetos de uso campeiro, de ofícios e comunicações.

Sala de Arqueologia


Exposição  de artefatos indígenas como Iapepó ( urna funerária ),cambuchi - caguabã, pontas de lança e flecha, material lítico, unha de megatério, arado charrua, talhas e objetos de uso doméstico.

Fotografias: Tatiana Pureza

quinta-feira, 16 de maio de 2013

FESTA CÍVICA - INAUGURAÇÃO DE RETRATOS


     Os leitores do insigne e valente órgão republicano, o Diário Popular, já tinham conhecimento da solene e imponente festa inaugural, projetada nesta vila para 14 de julho, aniversário da promulgação da sábia e magna lei Constitucional do Estado do Rio Grande do Sul, festividade esta promovida por iniciativa  do nosso distintíssimo amigo Coronel Genes Bento, honrado vice-intendente deste município.
       Ao comemorar-se esta gloriosa data, todos os corações verdadeiramente republicanos palpitam, todos os rio-grandenses invocam o nome do grande chefe imortal, todo o novo continente se ergue em peso para solenizar o dia 14 de julho, em comemoração à república, a liberdade e a independência dos povos americanos, pois não somente uma data de conquistas com a queda da Bastilha em 1789, é também a data mais  cara para o Rio Grande do Sul, quando em 1891 foi firmado auspiciosamente o invejável e primordial fato constitucional, eficazmente elaborado pelo grande mestre, o saudoso patriarca e egrégio chefe Dr. Julio de Castilhos.
       Cada dia que passa, cada dia que surge mais acentua e de um modo extraordinário a pujança do monumental partido republicano, regido pelo estatuto de 14 de julho e pelo seu redivivo chefe, sábio construtor desta inderrocável obra cujos ensinamentos estão confiados ao seu discípulo e guarda intemerato, exmo. Dr. Antônio Augusto Borges de Madeiros, integro chefe do partido republicano e presidente do Estado.

FESTA CÍVICA

     Tiveram entusiasmo e pompa desusadas as festas organizadas pela comissão respectiva, constituída dos prestimosos republicanos coronéis Genes Bento, Manoel H. da Rocha, tenentes coronéis Antônio Florêncio Duarte e João Paulo Prestes, capitães Pedro Estrella de Villeroy, Joaquim Antônio Barboza, Genuíno Gentil de Aguiar e major José Albano de Souza.
       Procuremos descrever, com cores ainda que pálidas,  essas festas solenes. No dia 14, desde manhã, muito cedo tremula em todos os edifícios públicos e na fachada do palacete intendencial o formoso pavilhão republicano, aos beijos carinhosos de uma viração cariciosa e que passava mansa e suavemente.
           O dia era de rosas.
         Nas principais ruas da vila, notava-se grande e desusado movimento; com o fim de dar brilhantismo a grande data, a excelente  banda musical Lyra Cangussuense deu retreta a tarde, na praça Marechal Floriano. Durante o dia foi imensamente visitado o edifício da Intendência: era uma verdadeira romaria,  o vasto salão de honra estava caprichosamente ornamentado, apresentando ao espectador, linda perspectiva, pelo apurado gosto da disposição dos retratos e flores.
        Das paredes, sobre ricos dóceis, adornados com lindas cortinas, pendiam os magníficos quadros, com os retratos em ricas molduras que iam ser inaugurados, do patriarca saudoso, Dr. Castilhos e impoluto, Dr. Borges de Medeiros, benemérito presidente do estado.
       Ao centro destacavam-se, sobre lindo dossel  artisticamente preparado, as armas da República, ladeadas dos retratos dos farroupilhas Bento Gonçalves e David Canabarro, repousando tudo sobre soberbo troféu, com as bandeiras Nacional e de 35. Via-se em larga fita, em letras de ouro, o dístico:”Salve 14 de julho”. Ornavam mais as paredes do amplo salão nobre da Intendência os retratos dos preclaros Pinheiro Machado, Dr. Campos Salles, dos ínclitos generais Deodoro da Fonseca, Hyppólito Ribeiro , Marechal Floriano Peixoto, José Garibaldi e muitos outros, formando tudo primorosa e correta ornamentação, da qual se encarregaram os ilustres cidadãos capitão Severiano do Nascimento, majores José Albano e Avelino Luz, que receberam francos aplausos.. 
       A noite, os edifícios públicos, Clube Harmonia, intendência municipal, repartição dos telégrafos, residência do  coronel vice-intendente e muitas outras casas da rua General Osório, ostentavam profusa e variada iluminação.

PASSEATA CÍVICA

         As 7 horas da noite, como estava anunciada, realizou-se a passeata cívica saindo o préstito do edifício da intendência.
         Puxavam o imponente préstito os membros mais proeminentes do partido republicano, conduzindo as bandeiras da República Nacional e de 35, precedidos da banda Lyra Cangussuense.
         Desfilou-se em soberba marcha (aux flambeaux), subindo ao ar inúmeros foguetes.
         O enorme préstito moveu-se em ordem pela rua Dr. Júlio de Castilhos e, chegando a rua General Osório, deteve-se em frente a residência do cidadão, coronel vice intendente e ai foi este saudado pelo cidadão sub-intendente do 1º distrito, Major Avelino Luz; o Coronel Genes Bento assomando a janela, respondeu agradecendo, em vibrantes frases a fineza dos seus correligionários produzindo em seguida brilhante discurso, enaltecendo as excelsas virtudes do portentoso organizador do Rio Grande, o saudoso Dr. Júlio de Castilhos e do benemérito e honrado presidente do Estado, Dr. Borges de Medeiros, concluindo por vivar a República, o patriótico governo do Estado e o partido republicano local, no que foi correspondido pela enorme massa popular que estacionava em frente a sua residência.
         Uma comissão constituída dos correligionários, Tenente Adolpho Barreto, Tenente- Coronel Antônio Florêncio Duarte, destacou-se para convidar o Coronel Genes Bento a incorporar-se ao préstito, movendo-se todos em seguida a percorrer as ruas principais.
     Em frente a redação do Íris estacionou, sendo saudada a imprensa republicana pelo talentoso escrivão Arthur Cruz; pelo Íris agradeceu o seu diretor proprietário.
     Após ter percorrido as principais ruas, regressou de novo o préstito à Intendência, onde ia ter começo a sessão especial de inauguração oficial dos retratos  dos preclarÍssimos patriotas.
    Durante o trajeto foram levantados entusiásticos e calorosos vivas a república, ao Dr. Borges de Madeiros, ao Senador Pinheiro Machado, ao grande estadista Dr. Campos Salles, ao conspícuo Coronel Pedro Osório, Vice-Presidente do Estado, as memórias as memórias impolutas de Castilhos, Benjamim Constant, do valoroso Marechal de Ferro e do general Bento Gonçalves.

A SESSÃO INAUGURAL

         No Salão de Honra da Intendência já aguardava a chegada do préstito, grande número de exmas famílias e senhoritas, notando-se o que há de mais seleto na sociedade cangussuense.
         Na passeata cívica e sessão compareceu o escol do partido republicano desse município.
       No local reservado para a sessão, tomaram assento os Srs. Coronel Genes Gentil Bento, tenente-Coronel Antônio Florêncio Duarte, Presidente do Conselho, os conselheiros municipais, Capitão Joaquim Antônio Barbosa, Majores José Albano de Souza , Nicolau Duarte, João Antônio Morales, Tenente- Coronel João Paulo Prestes e o cidadão secretário do município, assumindo a presidência o vice-intendente do município, secretariado pelo Major José Albano de Souza, secretário da comissão promotora das festas.
          As 8 horas foi aberta a sessão e, fazendo uso da palavra o Coronel Presidente da mesa disse que a sessão tinha por fim inaugurar os retratos do saudosíssimo e amado chefe, o excelso estadista Dr. Júlio de Castilhos, e do invicto sucessor, egrégio Dr. Borges de Medeiros, digníssimo Presidente do Estado e concluindo o seu brilhante discurso, declarou inaugurados os retratos.
       Imediatamente 4 gentis meninas correram as finas cortinas que cobriam os retratos, sendo dada prolongada salva de palmas pelo seleto auditório, executando a Lyra Cangussuense, o Hino Nacional, que foi ouvido de pé por todos os presentes, subindo ao ar, nesta ocasião, girândolas de foguetes.           Em seguida o Coronel Vice-Intendente, deu a palavra ao talentoso correligionário Tenente-Coronel João Paulo Prestes, orador oficial.
        O ilustrado advogado leu substancioso discurso de sua lavra, referindo-se com grande elevação de vistas as personalidades dos eminentes patrícios Drs. Borges de Medeiros e Castilhos.
    Ao descer da tribuna, foi delirantemente abraçado e saudado pelos correligionários presidente.
      O presidente deu a palavra ao 2º orador inscrito, o distinto telegrafista Severiano do Nascimento. O simpático orador, ao assomar a tribuna, foi pelo auditório recebido com uma prolongada salva de palmas; o seu discurso foi rápido e eloqüente. Em linguagem clara e precisa fez a apologia dos dois servidores da República.
    Discursaram ainda, com geral aplauso, os oradores inscritos, nossos distintos correligionários, Capitães Arthur Alves da Cruz e Genuíno Gentil de Aguiar. Ambos ao deixarem a tribuna receberam do auditório muitas felicitações. Falou por último, encerrando a sessão, o presidente da mesa e que em frases buriladas, repassadas de patriotismo, pôs em destaque a vida pública e privada dos eminentes vultos, concluindo a bem arquitetada oração por agradecer, em nome do partido republicano e da comissão promotora dos festejos, o comparecimento das exmas famílias, senhoritas, correligionários e mais pessoas presentes e erguendo, ao finalizar, na qualidade de 1ª autoridade do município, os vivas de estilo, que foram estrepitosas e unÍssonamente correspondidos.
          Merece os maiores  encômios, por parte do partido republicano cangussuense  e seus co-munícipes, o nosso amigo Sr. Coronel Genes Gentil Bento, operoso Vice-Intendente, que deve estar completamente satisfeito por ter visto seus esforços coroados do mais feliz êxito.
    Em toda a festividade notava-se e expressão vivíssima da concórdia e fraternidade entre todos os republicanos, abrilhantada pelas gentis patrícias, onde via-se a alegria e a franqueza, características do gaúcho rio-grandense.
   Não houve o menor incidente, observando-se somente satisfação, cordialidade e sorrisos em todos os rostos, terminando assim essa solene e notabilíssima homenagem prestada ao egrégio chefe  redivivo e ao presidente do estado, portanto, há muito tempo não se notava nesta localidade uma festa tão soberba e imponente, que rememorará eternamente no espírito daqueles que a assistiram. 

                                                                           Danton
(Fonte: Diário Popular de 21 de julho de 1905-   Arquivo Ângelo Pires  Moreira)


VIII Semana de Canguçu

Inauguração da Pinacoteca " Irmãos Prestes" - 22 de Junho de 1985

E/D  Dr. Nilson Meireles Prestes, Prfª Marlene Barbosa Coelho, Dr. Lúcio Newton Meireles Prestes, Drª. Ione Meireles Prestes, Ex Prefeito Odilon Almeida Mesko e  Srª Heloísa Rodrigues Mesko.

(Arquivo Fotográfico Museu Municipal Capitão Henrique José Barbosa)

         A Pinacoteca é composta por 17 quadros em exposição no Salão Principal do Museu  Municipal Capitão Henrique José Barbosa, que tiveram suas molduras ou pinturas restauradas pelos irmãos Nilson e Ione Meireles Prestes.
      Os quadros de Borges de Medeiros  e Júlio de Castilhos, que aparecem na fotografia são os mesmos inaugurados na Festa Cívica, acima descrita e pertencem a referida coleção.